CANTIGA NEOPUNK

Na forma me perco
ébrio contido proso
num beco cinzento.

No poema entorpeço
atônito em cinzas-retas
bitucas (colunas) de preto.

Cada verso desabo
desatino meus atos
meus eus meus calos
quase não reparo
desde então abato
do copo aos joelhos:

v e r t i g e m
e r t i g e m
r t i g e m
t i g e m
i g e m
g e m
e m
m de ponta
desorienta e parto.

Brindo tolos receios
erros num cálice cheio
tropeço derrubo o resto
padeço — no chão eu presto.

Descalço caminhos
tonteio anseios
desmancho futuros
depredo roteiros des-
alinho neo//concretos
provocando o pretérito
sem-rima-perfeito.

Reciclo meus versos irreparáveis
— um dia reparo quem sabe coeso?