SONHO OFENDIDO

          Ando insone. Ando sonâmbulo. Ando ofendido neste sonho nocivo. Mal ando dormindo que falo, soco e chuto tudo que quando acordado não faço. Desperto danoso, em prantos, — aqui acendo um cigarro — descartando períodos dos dias quais despertei sossegado. Descarto meus pulsos, descarto meus punhos, ainda não cicatrizados, que um dia após o outro ardem queimados. Pois estas feridas vivas, com a carne aparente e elevadas, mostram que têm mais vida que eu quando acordado. E enquanto deitado, não me é necessário medir o fardo de quanto peso, de quanto meço — um total de zero, já estou machucado.